terça-feira, 28 de março de 2017

Para sua meditação: Obras, Serviço e Trabalho


A vida cristã não consiste em mera contemplação espiritual das belezas de Cristo, mas também em servir a Deus e ao próximo. É sobretudo no exercício do ministério que recebemos da parte de Deus para cumprir, que crescemos na graça e no conhecimento de Jesus. O bom soldado cristão é feito no campo de batalha, e não meramente nas salas de treinamento das igrejas e seminários.
O serviço deve ser segundo a esfera de atuação que nos foi demarcada pelo Senhor, tanto no que se refere ao tipo de serviço que deve ser realizado, quanto à (s) área (s) geográfica (s) demarcada (s) por Ele para a nossa atuação, de modo que não labutemos em campo alheio; cuidado este, que a propósito, sempre esteve bem presente no apóstolo Paulo.
“ Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um. Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria.” (Romanos 12.3-8)
Todos os crentes possuem portanto, pelo menos um ministério, ou seja, um serviço específico para o qual recebeu dons e capacitações de Deus para o seu exercício. Mas, para o propósito de formar e edificar a Igreja, sobretudo para confirmar os crentes na fé e na sã doutrina, Deus levanta ministérios especiais para tal propósito, dentre o corpo geral de crentes:
“ E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo; para que não mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro; antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” (Efésios 4.11-16)
Agora, Deus não somente define qual é o nosso ministério como também determina o modo como ele deve ser realizado, a saber, no Espírito Santo, e com todo o fervor espiritual e amor; devendo haver uma justa cooperação entre todos os membros do corpo de Cristo em cada congregação local.
Mas o ministério do crente não está limitado ao ofício que exerce na igreja em que congrega, pois a sua vida deve ser de serviço em todas as áreas em que atue. Por exemplo, o primeiro e grande ministério de uma mulher casada é o de servir seu marido e filhos, educando seus filhos pelo exemplo e pela palavra para que venham a se tornar homens e mulheres de Deus.
Na verdade, tudo o que fazemos deve ser como para o Senhor, porque com isto se evita que se faça alguma coisa por motivo interesseiro, ou para bajulação e subserviência a homens. Na verdade, todo o nosso trabalho e tudo o que somos ou fazemos deve ser para a glória de Deus, e Ele será glorificado somente caso o que façamos seja pelo poder da Sua própria graça.
“Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo.” (I Corintos 15.10)
Devemos ter a mesma humildade do apóstolo, reconhecendo que nada podemos fazer sem o Senhor, de modo que não somos salvos (justificados, regenerados e santificados) por causa de nossas boas obras, mas exclusivamente pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual somos chamados agora a praticar as boas obras de justiça do evangelho, que foram preparadas de antemão por Deus para que andássemos nelas.
O propósito e o resultado da liberdade que recebemos em Cristo é para o serviço. Nós vemos isto de modo muito claro na Parábola dos Talentos. O Senhor afirma que aquele que tem receberá mais, e o que não tem até o que tem lhe será tirado. Ele ensina claramente que Deus é glorificado se dermos muitos frutos para Ele, pelas boas obras que os homens virem sendo realizadas por nós em Seu nome, e com isso serão levados a glorificá-lo.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras do original grego:
1 – diakoneo – servir, ministrar;
2 – kopiao – trabalhar;
3 – ergon – trabalho, obra; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:
Pr Silvio Dutra
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segunda-feira, 20 de março de 2017

Para sua meditação: Saiba gastar menos do que ganha

“Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: Nunca o deixarei, nunca o abandonarei". (Hebreus 13:5)    por Reinaldo Domingos


Saiba gastar menos do que ganha
Caros irmãos
Vejo que muitos têm dificuldade para organizar as finanças e não conseguem identificar ao menos o motivo. Com muito pesar, vos digo que não são poucos os que deixam o dinheiro falar mais alto em suas vidas, chegando a amar mais o metal do que a Deus. A falta de controle se dá, na maioria das vezes, porque há na pessoa o perigoso desejo de gastar mais do que tem.
Não quero aqui sugerir que você se sinta satisfeito com o que ganha, muito pelo contrário, é fundamental buscar sempre melhorias em nossa vida, tanto material quanto espiritual. Contudo, estabelecer estratégias e conquistar aumentos na renda é algo que demanda tempo. É muito importante que você o faça, mas neste momento podemos pensar em ações mais rápidas.
Se as contas não estão fechando, é a hora de repensar totalmente as finanças, repensar o seu padrão de vida. Pode parecer difícil, mas é fundamental observar que não é sustentável viver uma realidade que não é a sua, trata-se de uma mentira insustentável. Saiba, cortar excessos é uma atitude necessária em nossas vidas.
Um ponto em que é preciso ficar atento é o dos pequenos gastos, das despesas e compras feitas de forma desordenada e acabam se tornando grandes ralos por onde escoam as economias. Você sabia que, em média, 25% dos gastos mensais são supérfluos e/ou desnecessários? As pessoas sempre dizem que não têm mais de onde reduzir os gastos, mas, ao fazer uma boa análise, observam que é sim possível.
É preciso fazer um diagnóstico da vida financeira por 30 dias, anotando tudo o que gasta, separando por tipo de despesa, incluindo cafezinhos e gorjetas. Assim, verá uma realidade muito diferente da que imagina. Mas ressalto que não se deve virar escravo dessa anotação, pois, quando vira rotina, perde a eficácia.
 Veja que é muito mais uma questão de mudança de comportamento do que saber fazer contas ou ter que se privar de algo. Quando temos metas bem definidas em nossas vidas, poupar não se torna um martírio e sim um estilo de vida, algo saudável e positivo para termos condições de seguir em nossa missão na Terra.

Reinaldo Domingos

Educador e terapeuta financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira, Abefin e Editora DSOP, autor do best-seller Terapia Financeira, dos lançamentos Papo Empreendedor e Sabedoria Financeira, entre outras obras.

terça-feira, 14 de março de 2017

O Cordeiro de Deus que Tira o Pecado do Mundo

“No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29)
No dia seguinte”. Não pode haver dúvida de que João já havia falado sobre a manifestação do Messias; mas quando Cristo começou a aparecer, ele desejou que o anúncio dele fosse rapidamente conhecido, e o tempo havia chegado no qual Cristo poria fim ao ministério de João, assim como, quando o sol se levanta, e a aurora desaparece. Depois de ter testemunhado aos sacerdotes que foram enviados a ele, sobre Aquele no qual deveriam buscar a verdade e o poder de batizar com o Espírito Santo, já se achava presente, e João estava conversando no meio do povo, e no dia seguinte, ele apontou Jesus à vista de todos. Porque esses dois atos, um após o outro, em rápida sucessão, devem ter afetado poderosamente suas mentes. Esta também é a razão por que Cristo apareceu na presença de João.
“Eis o Cordeiro de Deus”. O principal ofício de Cristo é breve e claramente indicado; que tira os pecados do mundo pelo sacrifício da sua morte, e reconcilia os homens com Deus. Existem outros favores, de fato, que Cristo nos concede, mas este é o principal favor, e o resto depende disso; que, por apaziguar a ira de Deus contra o pecado, faz com que sejamos contados como santos e justos. Porque a partir desta fonte fluem todos os rios de bênçãos, que, por não imputar os nossos pecados, ele nos recebe em seu favor. Assim, João, a fim de nos conduzir a Cristo, começa com o perdão gratuito dos pecados que nós obtemos através dele.
Pela palavra Cordeiro ele alude aos antigos sacrifícios da Lei. Ele tinha que tratar com os judeus que, tendo sido acostumados a sacrifícios, não poderiam ser instruídos sobre a expiação dos pecados de qualquer outra forma que não fosse por meio de um sacrifício. Como havia diversos tipos deles, ele apresenta um, por uma figura de linguagem, para representar o todo; e é provável que João tenha feito alusão ao cordeiro pascal. Deve-se observar, em geral, que João empregou este modo de expressão, que era melhor adaptado para instruir os judeus, e possuía uma força maior; assim como em nossos próprios dias, em consequência do batismo ser geralmente praticado, nós entendemos melhor o que se refere à obtenção do perdão dos pecados através do sangue de Cristo, quando nos dizem que somos lavados e purificados por ele de nossas poluições.
Ao mesmo tempo, como os Judeus comumente tinham noções supersticiosas sobre os sacrifícios, ele corrige essa falha, lembrando-lhes o objeto para o qual todos os sacrifícios foram dirigidos. Foi um abuso muito perverso da instituição dos sacrifícios, que eles tivessem fixado a sua confiança nos sinais exteriores; e, portanto, João, apontando para Cristo, testificou que ele é o Cordeiro de Deus; pelo que se entende que todos os sacrifícios, que os judeus estavam acostumados a oferecer nos termos da Lei, não tinham poder algum para expiar os pecados, mas que eles eram apenas figuras, da verdade que foi manifestada em Cristo.
“Que tira o pecado do mundo”. Ele usa a palavra pecado no singular, para qualquer tipo de iniquidade; como se tivesse dito, que todo tipo de injustiça que aliena os homens de Deus são afastadas por Cristo. E quando ele diz, o pecado do mundo, ele estende esse favor indiscriminadamente a toda a raça humana; para que os judeus não pensassem que ele tinha sido enviado somente a eles.
Mas daí podemos inferir que o mundo inteiro está envolvido na mesma condenação; e que, assim como todos os homens sem exceção, são culpados de injustiça diante de Deus, eles precisam se reconciliar com ele. João Batista, pois, falando genericamente do pecado do mundo, tinha por propósito incutir em nós a convicção de nossa própria miséria, e nos exorta a buscar o remédio. Agora é nosso dever, abraçar o benefício que é oferecido a todos, que cada um de nós possa ser convencido de que não há nada para nos impedir de obter a reconciliação em Cristo, desde que venhamos a ele pela orientação da fé.
Além disso, ele estabelece apenas um método de remover os pecados. Sabemos que desde o início do mundo, quando suas próprias consciências lhes mantinham convencidos do pecado, os homens trabalharam ansiosamente para adquirir o perdão. Daí o grande número de oferecimentos propiciatórios, por que eles falsamente imaginavam que apaziguariam a Deus. De fato, todos os ritos espúrios de um propiciatório natural tinha a sua existência a partir de uma origem sagrada, que era, que Deus havia designado os sacrifícios para dirigir os homens a Cristo; mas, no entanto, cada homem planejou para si mesmo o seu próprio método de apaziguar a Deus.
Mas João nos leva de volta a Cristo somente, e informa-nos que não existe outra maneira em que Deus é reconciliado conosco do que por meio de sua agência, porque só ele tira o pecado. Ele, portanto, não deixa outro refúgio para os pecadores do que fugir para Cristo; pelo que ele derruba todas as satisfações, purificações, e resgates, que são inventados por homens; como, de fato, eles nada são senão invenções criadas pela sutileza do diabo.
O verbo grego airein (tirar) pode ser explicado de duas maneiras; ou que Cristo tomou sobre si a carga que nos arriava, assim como é dito que ele carregou os nossos pecados sobre o madeiro (1 Pedro 2:24) e Isaías diz que o castigo que nos traz a paz caiu sobre ele (Isaías 53: 5) ou que ele apaga os pecados.
Mas, como a última afirmação depende da primeira, de bom grado aceito ambas; ou seja, que Cristo, ao carregar nossos pecados, os lançou fora. Embora, o pecado habite continuamente em nós, todavia não há ninguém sob o juízo de Deus, porque quando foi anulado pela graça de Cristo, ele não nos é imputado. Nem me desagrada a observação de Crisóstomo, que o verbo no tempo presente – Airon (que tira), denota um ato contínuo; porque a satisfação que Cristo fez uma vez está sempre em pleno vigor. mas ele não se limita a ensinar-nos que Cristo tira o pecado, mas salienta também o método, ou seja, que ele tem reconciliado o Pai conosco por meio da sua morte; pois é isso que ele quer dizer com a palavra Cordeiro. Saibamos portanto, que nós fomos reconciliados com Deus pela graça de Cristo, se nos identificamos com a sua morte, e quando cremos que Aquele que foi pregado na cruz é o único sacrifício propiciatório, pelo qual toda a nossa culpa é removida.
Texto de João Calvino, traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
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