terça-feira, 13 de junho de 2017

Se somos tão semelhantes, então para que julgar?

“Porque vê o argueiro do olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?” (Mt 7.3)

Somos tão semelhantes, então para que julgar?
Na vida todos temos uma semelhança e três diferenças peculiares. A semelhança é que todos somos falhos; não há bom na terra, como disse Jesus certa vez: “Bom é somente um, Deus que estás nos céus” (cf. Mt 19.17). Essa semelhança é explícita, todos temos essa igualdade em falhar, cada um com seu tipo de erro, mas ninguém venha dizer que é melhor do que o outro, porque você pode ser melhor referente a uma situação, mas será “inferior” a outra. Cada qual com seu pecado e isso, todos tem. Mas, temos três diferenças que estão relacionadas à nossa igualdade, ou seja, existem três formas diferentes de reagir com essa realidade, de que todos temos falhas, são elas: Ser Indiferente, Opositor ou Cristão.
O Indiferente está bem preocupado com a sua vida e com seu momento, ele tem seus erros e é indiferente a eles, vê os erros das outras pessoas e também analisa de forma indiferente. Este não julga os outros, mas também não julga a si. Tudo é tão normal para ele.
Claro que haverá situações em que fará críticas, mas em geral ele não julga ninguém. Não deseja o mal para os outros, mas também não açoita a mente para fazer o bem, ele não é de ficar comentando a vida dos outros, quer viver a sua vida. Odeia que falem mal ou o critiquem, ele quer que “cada um cuide do seu”. Cada um com sua moda, seu gosto, sua música, religião e ninguém interfere na vida de ninguém, o Indiferente vive a sua vida e os outros que vivam como quiser.
O Opositor… ah, o Opositor. Esse normalmente é religioso, mas isso não é padrão. Normalmente é conservador, mas também não é padrão. O Opositor sabe mais de suas qualidades do que suas falhas, ele tem sim boas virtudes, preocupa-se muito com sua imagem e quer respeito.
Afinal, ele é digno de respeito! O Opositor olha para os outros e quando vê as falhas sabe o que falar. Ele normalmente se reúne em sua casa, seu carro, em cantos e critica o adversário. Não falo adversário aqui como uma guerra declarada, mas, porque julgar o outro sendo que ele nem está presente para se defender? Isso é um golpe baixo ou até mesmo uma estratégia bem sútil para destruir.
E, se quer destruir o outro de alguma forma, tem adversário e é guerra, não é? Porque o Opositor ama julgar e comentar da vida dos outros, ao fazer isso destrói o “comentado” de alguma forma. Reclamar, dizer o que deveria ser feito, como ser feito, o que agir, como agir, o que deveria ser certo, apontar esse pecado ou aquele é característica do Opositor. Ele diz: pecador, infantil, monstro, falso, não vale nada, sem vergonha, iludido e outras coisas mais sobre o outro, porque afinal, o Opositor ao olhar para si pensa ser melhor e ter o direito de falar de alguém. Quer julgar alguém? Seja Deus! E pior que o Opositor tenta fazer isso mesmo. Colocam-se no lugar de Deus e vai dando os seus vereditos e análise da história das pessoas, pensando que sua opinião vale algo (só vale para os que dão ouvidos e são cumprices do crime de julgador).
O Cristão, não pode ser entendido como frequentador de uma religião ou confessor de fé, entenda aqui “o Cristão” como todo aquele que busca ser igual ao mestre Jesus. Sendo assim, Jesus disse coisas do tipo: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1); “Porque vê o argueiro do olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?” (Mt 7.3). O apóstolo Paulo já dizia “Portanto, você, que julga os outros é indesculpável, pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você que julga praticais o mesmo” (Rm 2.1). O Cristão não é Indiferente, porque ele julga a si, sabe dos seus erros, sabe que os outros também têm erros e se importa com a sua melhoria e com a dos outros.
Mas ele também não é Opositor, porque ele não se sente no direito de julgar ninguém, pois não olha mais para suas qualidades do que suas falhas, nem se sente no direito de julgar o outro porque sabe que não é melhor que seu próximo, apenas cada um tem sua queda específica. O Cristão, ao saber das falhas do outro, não o julga, mas o ajuda. Ele vigia a sua língua e não saí criticando, porque ele sabe que cada um tem suas dificuldades, e então, busca ser canal de benção para a construção de uma nova imagem do ser, não destruição.
O Cristão não se conforma com falhas e pecados, mas sabe que pior do que pecar é julgar. Aqui, o Cristão não está em situação de juiz de um crime, mas, nas situações da vida ele se coloca no lugar do outro e não o condena, antes, vê o outro com amor e da palavra de ânimo e correção para continuar a caminhada (diferente de condenação), Jesus fez algo bem parecido com uma prostituta e, isso é o que o Cristão faz.
Concluindo, de forma simplória, gostaria de dizer que o seu (ou meu) julgar é pequeno, nada vale e essa atitude se remete a pior forma de existir. Porque o Indiferente, pelo menos está vivendo a sua vida e não atrapalha a de ninguém. O Cristão, que é o melhor exemplo que podemos seguir, faz o bem ao outro, não julga, mas ajuda o outro sem condená-lo, gesto de amor, coisa divina. O Indiferente facilmente pode vir a caminhar como o Cristão, porque já aprendeu a não julgar o outro, lhe falta aprender a criticar a si e crescer para o bem. Agora, o Opositor, esse é oponente do céu, porque utiliza-se do direito que só pertence a Deus.
O Opositor somos todos nós quando denegrimos a imagem do outro, criticamos o outro como se fossemos melhores e nos colocamos no direito de sermos comentadores da história alheia, sendo que não sabemos o que passa na cabeça de cada um, ou o que cada um vive e viveu, mas julgamos. O caminho de conversão do Opositor é difícil. Que eu e você, possamos nos libertar desse mal. Sendo assim, nossa semelhança são nossas falhas, cada um com a sua, e nossa diferença é como reagimos a elas. E ai, seremos o Indiferente, o Opositor ou o Cristão? Saiba que ainda existe tempo para ser um cristão verdadeiro. E busco isso.
por Victor Santos
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